Em seu novo livro, o escritor Bruno Azevêdo convida os leitores a se ingressarem, junto com ele, nessa aventura de investigação e busca por Alice, uma senhora de Petrópolis. Nessa longa jornada, o autor enfrente situações que o levam a repensar o percurso e, até mesmo, desistir, porém não antes de chegar ao seu objetivo.
Após comprar um livro usado, um homem, chamado Bruno, se depara com anotações antigas de uma mulher, de cerca de 30 anos, chamada Alice, que poderia ser a primeira dona da obra. Nessas anotações, o homem, agora o novo dono do livro, enxerga uma mulher triste, que estaria passando por momentos de grandes dificuldades e supostas traições.
O livro era “A Mulher Desiludida”, da escritora francesa Simone de Beauvoir. Bruno, admirado pela semelhança das vivências da protagonista do livro e os tormentos internos que Alice também estava passando, logo foi impulsionado pelo desejo de ir em busca da autora das anotações, rubricadas em cada página.
A fim de conhecer Alice, Bruno inicia uma aventura de investigações e de dedicação, percorrendo o caminho da persistência, destemidamente, até chegar ao seu objetivo final. Porém, nessa jornada, antes de culminar no encontro tão esperado, Bruno se choca com algumas intervenções, que podem mudar o rumo da história.
E como esse caminho é percorrido e quais são essas intervenções? É esta história que o autor maranhense Bruno Azevêdo, de 44 anos, conta em seu novo livro “Alice Desiludida”, um romance com um enredo que fala sobre amores, encontros e o que fazer com sua própria vida.
A busca por Alice
Alice Desiludida é o décimo livro de Bruno Azevêdo. Dentre o acervo das obras literárias de autoria do escritor, estão os livros Breganejo Blues, uma novela policial; O Monstro Souza, romance com cooperação de Gabriel Girnos; A Intrusa, livro antropológico e Em ritmo de Seresta: música brega e choperias no Maranhão.
Nessa nova obra, editada pela editora maranhense Pitomba!, o autor convida o leitor a desbravar, junto com ele, o percurso traçado até chegar a conhecer a tão desejada Alice, uma senhora de Petrópolis, cidade do Rio de Janeiro.
Porém, Bruno conta que chegar até Alice não foi tarefa fácil, dado que o livro já era antigo e as anotações nele rubricadas remetiam ao século passado. Além disso, havia um número de telefone de mais de 30 anos, que não foi de grande ajuda.
Apesar de ter apenas estas poucas informações, Bruno foi ligando cada ponto que ele já tinha até chegar na associação destas conclusões à imagem da dona das anotações. O autor foi desenhando o perfil de Alice, que foi ficando mais claro em sua mente.
A partir daí, a grande aventura começou. Entretanto, nessa jornada, também tiveram alguns desafios que o autor teve que enfrentar. Com o que tinha, Bruno foi buscando por mais informações que correspondessem a o que já havia conseguido. Ele foi atrás de registros cartoriais, paroquiais e jornais, tentando encontrar algo que o levasse a Alice.
A princípio, Bruno conta que não teve tanto sucesso nessa procura, pois, além de muito custoso financeiramente ter que contratar um historiador para buscar mais a fundo as informações necessárias para o desfecho dessa história, também era muito difícil sair do Maranhão e ir até Petrópolis para ir atrás, por conta própria, do que desejava encontrar.
Após anos de busca e quase sem esperanças de encontrar Alice, Bruno parte para uma última tentativa: ele faz uma publicação numa rede social pedindo ajuda das pessoas para encontrar uma mulher com as características desenhadas por ele. O autor também mandou mensagens para os perfis que tinham o nome Alice, que se assemelhavam com o que ele tinha em mente, em Petrópolis.
O encontro
No final das contas, a postagem teve o efeito que Bruno já estava desacreditado que teria. A publicação chegou até a jornalista Mariana Filgueiras, do Rio de Janeiro, que fez uma varredura em seu perfil para procurar alguém igual a descrição do autor.
A jornalista encontrou uma pessoa que se parecia com que Bruno havia descrito e enviou para ele. A pessoa encontrada era Alice, a dona das anotações do livro.
Após encontrar o perfil de Alice, Bruno entrou em contato com ela, se apresentou e mandou fotos do livro; perguntou como ela estava e explicou o trabalho de busca que ele estava realizando para que, por fim, pudesse chegar até ela e devolvê-la o livro. Porém, ela não respondeu.
Por causa dessa falta de retorno, Bruno aproveitou os planos de ir para a Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro, em 2017, para recriar os passos que ele havia traçado, dessa vez, na terra de Alice. Nessa última tentativa, Bruno percorreu quase 300 km até Petrópolis para dar um ponto final na saga da busca pela dona das anotações.
Bruno tentou novamente entrar em contato com as pessoas da rede social de Alice. Tudo parecia se encaminhar para um final sem respostas, até que o filho de Alice respondeu as mensagens e decidiu ajudar Bruno nesse trabalho.
Enfim, Bruno e a autora das anotações se encontram em uma casa em Petrópolis, onde a mulher contou ao escritor toda sua história e respondeu todas as perguntas que Bruno tinha em mente. No encontro, Alice pôde esclarecer todas as anotações escritas nas páginas do livro.
Alice, que na verdade atende foi outro nome na vida real, ganhou esse nome para que sua identidade fosse preservada. Este é o nome do pássaro que estava dentro do livro, comprado por Bruno, que a chamou assim para que sua história pudesse ser contada de maneira que ficasse eternizada sem expôr “Alice”.
Novo livro
Essa é parte da história que Bruno conta em seu novo livro “Alice Desiludida” que, segundo o escritor, é resultado de uma jornada muito longa. A obra está com lançamento marcado para o mês de outubro deste ano.
Sobre o impacto que o livro pode trazer, Bruno conta esperar que os leitores se envolvam nessa história repleta de surpresas e entrega ao presente, deixando o futuro se desdobrar por si mesmo.
Fonte: g1